Durante toda a minha juventude eu me via como uma artista cantando, realizando projetos, abraçada pela arte. Entretanto, as circunstâncias da vida me levaram para outros caminhos profissionais. Aos 25 anos me mudei para a Inglaterra, onde morei por 13 anos. Mergulhei na educação, fiz mestrado e vivi plenamente o amor de ser professora. Porém, o o antigo sonho de ser artista continuava presente em mim.
Há apenas 4 anos, aos 46 anos de idade e de volta ao Brasil eu decidi ter a coragem de abrir essa porta musical sem nenhum investimento, sem empresário, sem gravadora, sem incentivo algum. É importante enfatizar que fazer arte no Brasil é um desafio gigante; e fazer arte no Brasil após os 40 anos de idade é uma missão extremamente desafiadora. Para minha surpresa, entretanto, recebi muitas bênçãos, tais como o presente de ter canções inseridas em trilhas sonoras da TV Globo, Malhação e nas novelas nacionais do SBT. Artistas nacionalmente e internacionalmente consagrados nos deram as mãos em projetos autorais e releituras, tais como Roberto Menescal e o artista americano Theo Croker, trompetista indicado ao Grammy internacional. Os caminhos foram gradualmente e naturalmente se abrindo. Consequentemente, abri uma produtora, a Girassol Studios em parceria com o produtor musical Jonathas Pingo e juntos começamos a garimpar talentos e produzir artistas da capital federal, além de artistas nacionais e internacionais, tais como a ex apresentadora da MTV, Sabrina Parlatore, o cantor de R&B americano, Peter Collins, a semifinalista do the Voice USA, Christiana Danielle.
Outro projeto extremamente gratificante foi inciar um projeto intitulado Elas Cantam, onde mulheres de diversos gêneros musicais se juntam nos palcos de Brasilia para fazer tributos a cantores consagrados e ao mesmo tempo colocar um ponto de luz em questões femininas, tais como a violência doméstica, câncer de mama, vulnerabilidade social.
Compartilho essa minha história aqui nesse espaço com a certeza de que o que fazemos não é para nossa vaidade individual, mas coletiva. Acredito que eu seja instrumento de incentivo e motivação para que toda e qualquer pessoa se sinta inspirada a criar e recriar, independentemente de quaisquer circunstâncias. Tudo que realizei até agora é certamente graças a todas as mãos generosas dadas a nós pelo bem coletivo. Se há amor genuíno, se há a vontade de realizar projetos que edifiquem o outro, a realização se torna inevitável. Que possamos sempre apoiar o sonho do próximo e caminharmos de mãos dadas. ‘Sozinhos, podemos ir mais rápido, juntos, podemos ir mais longe.”
Ana Lélia
@analeliaoficial